sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ele Sempre Quis Ficar



                Era mais um dia qualquer Mel como sempre iria pra faculdade, pegaria o mesmo ônibus de sempre, passaria pelas mesmas ruas de sempre, veria as mesmas pessoas de sempre, mas naquele dia algo diferente sobreveio. De cara não foi algo que mudasse sua vida de uma hora para outra, um dia mudaria, mas nem ela não sabia disso ainda. Ela conheceu o Caleu, um cara na sua que não era de puxar muito papo com pessoas estranhas, assim como ela, mas ela percebia que ele era simpático e atencioso com todos os seus amigos e isso a chamava atenção e o pior disso tudo é que ele sempre esteve ali, mas que ela por ventura nunca tinha prestado atenção. Começou então a puxar papo com o Caleu, conversavam pouco, mas pra ela já era o suficiente; o bastante, já que ainda ele não fazia totalmente parte da sua vida.
                Chegara o aniversário de Mel e todos deram os parabéns menos o Caleu e ela sabia que ele conhecia que hoje era seu aniversário, então, ela falou: “Cadê meus parabéns, Caleu?”. Ele esboçou um leve sorriso e deu os parabéns e ela respondeu-o: “Agora não quero mais.”. Falou num tom brincando. Deu à hora de entrar na sala de aula, ela sentou e seu telefone tocou e era uma mensagem, adivinha de quem? De Caleu que dizia: “Parabéns, Mel s2”. Ali foi o ponto inicial para começar uns papinhos meios apaixonados, que Mel levava na brincadeira e acreditava que ele também levava.
                Foram-se passando dias e Mel cada dia que se passava se sentia mais interligada ao Caleu, mesmo sabendo que ele poderia não levar a sério aquilo tudo. Ela tinha vontade de perguntar, mas tinha medo de ele não estar levando e ela estragar com uma amizade, ela queria, mas ela só levaria se soubesse que ele levava também. E foi aí que apareceu o Omar nisso tudo, ele meio que com mentirinhas sondou o Caleu e a Mel e conseguiu aproximar os dois de uma forma que talvez por eles mesmos nunca se aproximassem. Digamos que isso foi uma mentirinha do bem.
                O amor já estava arraigado no coração dos dois, até que Mel por uma ação ousada no telefone com o Caleu perguntou: “Quer ser meu namoradinho?”. Na hora a ligação caiu, Caleu retornou dizendo que sim, mas Mel respondeu que por a ligação ter caído era um sinal que ainda não era pra rolar, mas ela queria e ele também e acabaram oficializando o namoro ali, dia 13 de janeiro. Passavam os dias juntos, não conseguiam ficar longe um do outro, mas Mel tinha que viajar por um tempo e o medo dos dois era que a distância fizesse com que aquele amor acabasse ou diminuísse, mas a distância é como o vento e o fogo é como o amor. Imagine umas folhas secas pegando fogo em um dia ventoso, se for um foguinho o vento o apagará, mas se for um fogaréu o vento só fará com que ele se alastre mais ainda. E foi o que aconteceu, ficaram mais conectados e ali perceberam que um carecia do outro.
                Mel tinha a certeza que amava muito o Caleu, mas fazia asneiras atrás de asneiras. E o Caleu sempre a perdoava e ela jurava que tudo iria mudar, ela bem que tentava ou achava que tentava, mas nunca dava certo, até que ele decidiu terminar o namoro de vez e cortar inúmeras ligações, mas mesmo assim, eram ligados, porque o amor que havia entre os dois não deixava eles ficarem longe um do outro. Mas Mel continuou errando e cansado o Caleu, até que um dia de tanto ele chorar por noites e noites, por sofrer por uma mulher que ele amava, mas que via que não era totalmente recíproco, mesmo sendo, ele só não acreditava mais e com razão, ele desistiu dela, porque ficar com ela estava fazendo-o sofrer e que talvez ficar sem ela o faria sofrer menos. Ele estilhaçou todos os vínculos que havia com ela, sem talvez se preocupar se ela está viva ou morta, porque o amor que ele sentia se transformou em ódio.
                Hoje ela faz de tudo pra tentar tê-lo de volta, manda mensagens, liga, mas sempre são sem respostas, chora todos os dias, enche o organismo de remédios que ela nem sabe pra que servem, só toma talvez esperando a felicidade ou a infelicidade de dormir por um bom tempo e poder estancar esse sangramento que há dentro dela. Ele sempre a alertou que um dia ele iria embora sem volta e ela chorava só em imaginar, mas hoje ela sabe que a dor que ela sentia imaginando não é nem 1% do que ela sente hoje. Ela dizia a ele que nunca deixasse deixa-lo, mas ela se esqueceu de nunca deixa-lo deixa-la. Ele disse que quando ela sentisse a falta dele de verdade, era pra ela lembrar que ele foi embora pelas coisas que ela fez e que ele sempre quis ficar.
Ele sempre quis ficar, ela que não deixou!


Mands Gama
31 de outubro de 2012
04h55minhrs



É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe, pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste. Quantas vezes você disse que me amava tanto, quantas vezes você* enxugou o meu* pranto e hoje eu choro só sem ter você aqui. 

:/

domingo, 7 de outubro de 2012

Traição em Dobro!




 Sempre fui um rapaz carismático, onde minha simpatia fazia com que grandes mulheres se apaixonassem por mim e eu como um garanhão de primeira pegava todas e largava dias depois sem ressentimento algum. – é, tinha aprendido com o meu pai, meu grande ídolo o Sr. Igor*, onde me ensinou que qualidade e quantidade tinha que andar juntas e segui o seu conselho sempre arrisca –. Não me recordo de ter me apaixonado de verdade, lembro apenas de algumas mulheres em que eu tinha um carinho especial: minha mãe já bem idosa e minha irmã gordinha e feinha. Elas sempre questionavam o meu jeito de tratar as mulheres, de levar toda semana uma diferente e eu não me importava com cor ou raça, apenas se tinha uma beleza especial, então, minha agenda de celular era como um cardápio de restaurante francês tinha de tudo, mas uma coisa não poderia faltar: a beleza do prato. Alguns amigos discutiam o meu jeito de ser, principalmente o Matheus*, um cara certinho e sem graça que dizia que um dia eu ainda iria me apaixonar e iria pagar por tudo que eu já tinha feito com loiras, morenas ou ruivas... Mas já sabia que a mulher capaz de fazer apaixonar-me não estava por perto, se estivesse já teria encontrado. Mas eu tinha o meu companheiro de aventuras era o Antônio*, ele também tinha um jeito especial com as mulheres, mas não era tão bom como eu.
Minha mãe já aborrecida e preocupada com medo de eu engravidar alguma ou pegar uma doença, resolveu mandar-me para Brasília, para morar com uma tinha minha que era dona de uma rede de bares. Não me contentei com a ideia, mas depois pensando bem iria pegar algumas brasilienses, beberia de graça e teria mais uma aventura e fui. Morei em Brasília por quatro anos, estudei rede e trabalhei. Não aguentava mais de saudades e resolvi voltar. A recepção foi bem calorosa, lá estava meus pais no aeroporto e minha mãe não segurou o choro. Cheguei em casa e senti falta de todos os meus amigos, das aventuras e resolvi ligar, mas minha irmã interrompeu-me com uma notícia:
- Antônio está noivo!
Nem acreditei na hora. Não me conformei em saber que meu companheiro de galinhagem de infância, adolescência e juventude iria se casar e me deixar sozinho, nessa dura batalha de escolher mulheres, rs. Fui a casa dele e dei aquele abraço forte e disse:
- Como assim você vai se casar?
- Pois é, encontrei minha cara metade. Você vai adorar ela.
- Que cara metade... Larga disso.
- Relaxa você ainda encontrará a sua e quero você de padrinho no altar.
Marcamos de encontrarmos nós três, para conhecê-la. Cheguei ao restaurante e o avistei numa mesa, ele disse que ela iria se atrasar um pouco e ficamos conversando:
- Está apaixonado mesmo?
- Estou ela é tudo pra mim.
- Que munitinho (deboche).
- Olha ela aí...
Olhei e avistei uma das mulheres mais lindas que eu já vira. Tão linda que me lembrei de uma música do RPM: “então de repente ele (a) chega arrebatador, são dois olhos verdes e um sorriso avassalador.” E além de linda era simpaticíssima e agora eu entendia porque o Antônio tinha se apaixonado, acho que seria impossível não se apaixonar, não pera... O que eu estava pensando naquele momento? Ela era quase esposa do meu melhor amigo, eu era sujo com as mulheres, mas não com os meus amigos.
Passaram-se dias e nos encontramos de novo para eles me falarem sobre a festa de noivado que eles iriam fazer e ao lado dela eu me sentia soar, ter calafrios, pernas tremerem... Eu não sabia exatamente o que era aquilo, pensei que era uma gripe querendo me pegar e falei ao Antônio que não estava me sentindo bem e que precisava voltar pra casa. Às vezes eu a via me encarando e aquilo piorava todos os meus sintomas e fui pra casa, mas percebi que ao sair do lado dela tudo se acalmava novamente. No outro dia eu lendo meus e-mails escutei o telefone tocar e atendi.
- Oi, Guilherme*? Sou eu a Ana* noiva do Antônio, lembra?
Naquela hora meu coração disparou e fiquei me perguntando o porquê da ligação.
- Claro, ocorreu algo?
- Não... É que eu vou me casar com o seu melhor amigo, né, e eu gostaria de conhece-lhe melhor!
- Claro.
Marcamos um encontro.
Eu nunca tinha ficado nervoso para um encontro, mas era justamente o jeito em que eu estava. Ficamos conversando por horas e às vezes me perdia olhando seus lábios, o desejo de beijá-los era enorme, mas me segurei e eu me sentia desrespeitando o Antônio por tal pensamento. Até que ela me falou que se lembrava de mim, que já tínhamos estudados juntos na 8º ano do Ensino Fundamental e vagarosamente fui lembrando-se dela:
- Você era a menina que cantou Ana Júlia no festival escolar?
- Sim, rs. Cantei horrível.
- Nem cantou, mas mesmo assim Los Hermanos fica bom em qualquer voz.
- Verdade. Eu adoro o Camelo e claro a Mallu também. Curte?
- A Mallu nem tanto, mas tenho um amigo que é fã, descobriu que era gay um tempo desses.
E começamos a rir e ali e rolou um beijo.
Cada dia que se passava eu me apaixonava mais, nos víamos quase todos os dias. Ela sempre arranjava um jeito de driblar o Antônio. Só que a culpa me consumia e resolvi desabafar-me com o Luiz*, um amigo nosso que é meio louco nas ideias, tão louco que é fã do Galvão Bueno e que só conseguira emprego de cabo-man e claro era especialista em casos de amor:
- Eu estou apaixonado e tendo um caso com a noiva do Antônio!
Luiz como era um cara não muito sensato e agia pela emoção deu a ideia de fugirmos já que éramos tão apaixonados. Comentei com a Ana sobre ela terminar o noivado, achei que a ideia de fugir não cairia bem, mas ela não se agradou com a ideia, falou que o pai jamais aceitaria e a menosprezaria para sempre, já que era um caretão – era até mesmo em seu corte de cabelo –. Semana que vem era o casamento e ela me tinha prometido que iria resolver tudo, mas acho que pra ela foi só uma despedida de solteiro. Acho que o que o Matheus* me disse há anos atrás está ocorrendo hoje.
O telefone toca e era ela:
- Ana?! O que houve?
- Olha, nunca mais, não ligue mais é melhor assim.
Não era bem o que eu queria ouvir:
- Saia da minha vida, nossa relacionamento é uma loucura, um absurdo.
Não sabia bem o que fazer depois de ela ter me dito tudo isso, não sabia se eu chorava por tê-la perdido ou por estar traindo a confiança do Antônio. Resolvi ir embora para o litoral do Ceará e talvez abrir um negócio a beira mar e sabia que ali seria a última vez que escutaria sua voz ou a veria. Ela soube que eu fui embora e mais uma vez ela me ligou, por não atendê-la dias depois ela estava em Fortaleza, me procurou com uma voz suave quase que o formal:
- Olha, não é bem assim, não necessariamente o fim, do nosso relacionamento tão bonito e casual.
Fiquei anestesiado por uns segundos e raciocinei ali que de repente as coisas mudam de lugar e quem pensou que perdeu pode ganhar. Eu não conseguia falar nada, era como se minhas cordas vocais estivessem ordenadas a não funcionarem, nem ela conseguia mais falar só sentia que havia um teor de medo e sofrimento em seu olhar, como se ela tivesse pisado em espinhos para estar ali, na minha frente, compartilhando inúmeros sentimentos. E o teu silêncio preso na minha garganta e o medo da verdade e resolvi quebrar o silêncio:
- Eu sei que eu... Eu queria estar contigo, mas sei que não é permitido. Eu fico pensando se nós tivéssemos fugido e ouvido a voz desse desconhecido... O amor.
- Guilherme, eu não vim ao Ceará atoa. Eu tive um sonho: Eu estava em um precipício e uma voz que chegava e sussurrava devagar pra perturbar pra enlouquecer, dizendo pra eu pular de olhos fechados. A voz chegava debochar do meu pavor, mas ao pular eu me via criar asas e voar.  E percebi que o amor é assim, às vezes a gente se joga e não criamos asas e nos esborrachamos no chão, mas às vezes pulamos e podemos voar junto com o amor, então, porque não arriscar? Eu larguei tudo no Rio de Janeiro e vim atrás de você aqui, porque eu te amo. Não sei como vai ficar a situação com o Antônio, mas daremos um jeito e sei que ele vai entender.
É... E quem achou que tinha perdido pode ganhar. Só que a minha culpa em ter traído o Antônio e não ter sido homem o suficiente para contar pra ele, não deixou abraça-la naquele instante e simplesmente olhei pra ela e fechei a porta. Eu sei quão grande foi o sacrifício que ela fez por mim, mas o meu medo de amar falou mais alto. Fui dormir com o coração apertado e hoje dia 06 de Outubro de 2012 acordei espantado, eu tivera o mesmo sonho que ela e fiz algo que eu sei que nunca vou me arrepender peguei o celular e liguei:
- Minha amiga, minha namorada, quando é que eu posso te encontrar?

(:

[*] Nomes Fictícios

História fictícia, em caso de parecer com uma história real é apenas mera coincidência. 

Mands Gama


História inspirada em "Dois" - Paulo Ricardo

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Céu Azul

          
          Hoje eu despertei com o fulgor do sol incomodando os meus olhos, tentei suavizar escondendo-os com a mão, mas não deu muito certo. Levantei e fui fechar a cortina. Olhei para cama e vi-o: dormindo cingido em meus lençóis. O impressionante é que eu não me recordava que ele estava ali, ao meu lado, parecia que tudo o que rolou na noite incidida não passara de um bom sonho. Voltei à cama, enrolei-me ao lençol e aos seus braços e esperei-o acordar. Dei um selinho em sua boca e sem querer acordei-o e pude ver um luminoso sorriso em seu semblante. Não me hesitei e disse:
          - Seu sorriso é tão natural como a luz do dia!
          Olhei o relógio e percebi que já estava tarde e que a nossa rotina estava nos chamando. Perguntei-o:
          - Não vai sair hoje?
          - Não.
          - Por quê? Deixa de ser preguiçoso!
          - E te falar... Mas que preguiça boa, me deixe aqui atoa.
          - Tem certeza?
          - Sim, hoje ninguém vai estragar meu dia. Então, não estou a fim de ausentar-me desse quarto.
          Dei um sorriso no canto da boca, meu jeito árduo de ser, aquele jeito em que achamos que o melhor é não demonstrar emoções, fez-me agir como se eu não me importasse.
          - E você, vai?
          Na hora nem escutei-o, viajei no tempo lembrando de tudo o que nós passamos e que hoje encontrávamos ali, planejando passar o dia juntos, que coisa alguma e nem ninguém estragaria, como vieram estragando.
          - Ei, estou falando com você.
          - Oi, desculpa... Viajei longe aqui.
          - É... Percebi! Então, e você vai sair hoje?
          - Não quero, por mim só vou gastar energia pra beijar sua boca.
          Ele sorriu e disse:
          - Resolvido. Fica comigo então, não me abandona não.
          Mas eu não iria ficar, tinha um encontro com uns amigos do trabalho. Ele me conhece, sabe que sou responsável e que não desmarcaria com eles.
          - Eu tenho que ir, mas daqui umas horas eu volto e você pode vir aqui de novo se desejar.
          - Não vou voltar, pois vou te esperar aqui apesar de você está me deixando pra ficar com pessoas desconhecidas.
          - Não são desconhecidas, são meus amigos do trabalho.
          - Se você diz... Estou vendo que algo em você não muda, continua pensando e imaginando que todos são seus amigos.
          Fui com o coração apertado e ter que deixa-lo ali, mas eu sabia que ele me esperaria eu esperei-o por tanto tempo, porque ele não poderia me esperar por algumas horas? Confesso que nem me diverti, fui apenas para ele saber que meu mundo não girava em torno do dele. Meu corpo estava em um lugar, mas minha mente estava no meu quarto com ele. Deu a hora de ir pra casa, estava tão feliz que parecia que o Flamengo tinha acabado de ganhar um Mundial de Clubes, cheguei em casa e chamei-o:
          - Cheguei. Cadê você? Foi embora?
          Ele não me respondeu, então, deduzi que ele não me esperou e logo veio um nó na garganta e que talvez eu tivesse o perdido por puro orgulho e por medo de demonstrar meus sentimentos. Fui em direção ao quarto e escutei barulho de chuveiro, é... ele me esperou. Ele saiu do banho e num tom irônico perguntou:
          - E aí, alguém te perguntou como é que foi seu dia?
          Respondi num tom de “bem que você me avisou”:
          - Não. Não escutei uma palavra amiga, uma notícia boa...
          Ele respondeu num tom de “eu avisei”:
          - Acredito que isso faz falta no dia-a-dia!
          - Mas prefiro que não me pergunte, a gente nunca sabe quem são essas pessoas.
          Fui à cozinha e percebi que ele tinha feito um belo banquete: MIOJO. Fomos comer e tudo o que vivemos veio à tona.
          - Até hoje eu não entendo porque não demos certo aquele tempo.
          - Talvez porque ainda não era nossa hora.
          - Poderia não ser, mas talvez se você tivesse se esforçado teria sido.
          - Eu só queria te lembrar que aquele tempo eu não podia fazer mais por nós, eu estava errado e você não tem que me perdoar.
          - Eu sei disso... Tanto que nunca tinha te cobrado antes.
          - Mas também quero te mostrar que existe um lado bom nessa história.
          - Qual?
          - Tudo o que ainda temos a compartilhar e viver e cantar, não importa qual seja o dia.
          - É... Vamos viver, vadiar, o que importa é nossa alegria!

Mands Gama
20 de Agosto de 2012

                                      

Adaptação: Céu Azul - CBJR

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pense Nisso :)

Às vezes amamos e amamos e não somos amados como queremos, ou talvez somos, nós é que nunca percebemos!

Mands Gama

translation

terça-feira, 8 de maio de 2012

O Preço de uma Vida




Carlos Pereira do Nascimento
× 16/09/1981
+ 08/05/2012

                O seu casamento não ia muito bem, Carlos tinha convicções de que tinha que ser o provedor da casa. Ainda mantinha essa ideia antiga, mas por um lado até cavalheira, de que o homem devia sustentar a casa e a mulher, mesmo que trabalhe, gaste o seu dinheiro consigo mesma ou com os filhos. A Indústria Brasileira também não ia lá essas coisas, ele como montador de carros populares o seu emprego estava em risco. E, com a situação se apertando no trabalho, Carlos sentia que não ia conseguir manter o mesmo padrão de vida. A cada dia que passava ele via suas dívidas aumentarem e sua esposa reclamar. E o que ia destruindo seu casamento aos poucos era a sua esposa percebendo que Carlos estava cada vez mais distante. Essa preocupação o consumia, a ponto de estar junto da família, mas pensando em uma saída, alguma maneira de ganhar dinheiro e pagar as dívidas que já apareciam. Essa guerra fria, essa situação já preocupava demais sua esposa que olhava em seus olhos e não enxergava mais aquele brilho pela qual ela se apaixonou um dia e que se acostumou após anos de relacionamento. 
                Acontecera o que ele esperava, por um corte de funcionários na empresa, ele foi demitido. Viu-se sem chão, sem rumo e não sabia como chegar em casa e dar essa notícia a sua esposa. Decidiu não contar. Sua esposa logo viu que algo não estava bem, pergunto-o e de uma maneira mais ignorante possível respondeu que não a interessava. Ela não conseguiu esconder o choro, mas só o olhou e perguntou para si mesma, o que tinha havido com o homem da sua vida e foi para o quarto. Carlos sentado no sofá ficou imaginando o que iria fazer da vida, como um valente homem segurou o choro e resolveu passar o dia seguinte procurando emprego e faria isso todos os dias até encontrar um, e sua mulher nunca saberia que esteve desempregado. Passa-se os dias e nada de conseguir um emprego, as dívidas foram aumentando e aumentando sem ele nem perceber, sua conta do banco estava zerada, já não tinha mais pra onde correr. Chegou um dia que não tinha mais dinheiro para pagar as contas básicas e necessárias do mês, e ele não conseguia contar para sua esposa o que estava ocorrendo. 
                Decidiu pedir um emprestimo, para ele era a única situação viável. Colocou em garantia a casa em que morava e seu carro. Conseguiu disfarçar mais alguns meses, mas chegou um momento que não dava mais. O banco, por um direito seu, pelo o empréstimo não pago, resolveu tomar sua casa e seu automóvel. Sua esposa desesperada não sabia o que estava acontecendo, ligou para Carlos e pediu-o uma explicação e pediu para ele ir para casa. Ele levantou-se do banco da praça e foi-se. Chegando em casa, teve que contar tudo para sua esposa. E ela se perguntou o que ele fazia todos os dias, ele falou que ficava procurando emprego e muitas vezes ele ficava apenas sentado em um banco da praça olhando os pombos... Ela ficou indignada, disse que ela estava ali para ajuda-lo, que ela o amava e estaria sempre com ele. 
                Passaram-se os dias e eles foram morar com a mãe de sua esposa, que mesmo a casa estando em seu nome ele não tinha como sua. Todas as noites ele se debruçava de tanto chorar e perguntando aonde foi que ele errou. De tanto escutar de sua sogra que ele não era homem o suficiente para sua filha, ele pensou em partir. Resolveu deixar sua mulher livre e que ela encontrasse alguém o suficiente para sustenta-la, pois o amor não sustenta a fome de ninguém. Resolveu tentar mais uma vez e ir atrás de emprego, e de novo, não deu. Chegou em casa, olhou para sua esposa e disse que a amava muito e que queria passar aquela noite inteira com ela. Ela se sentiu feliz e nem percebeu que ele apenas queria se despedir. Beijou-a pela última vez, abraçou-a da mesma forma e fez amor como na primeira noite. 
                Saiu de casa decidido não mais voltar, olhou para trás e tinha plena certeza que aquela seria a última vez que passaste por aquela porta. Saiu andando sem rumo, sentou-se numa calçada, respirou ofegantemente e continuou indo ao seu destino. Chegou a um hotel, subiu para o térreo, sentou-se na beirada do teto e começou a pensar em sua vida. Pessoas viram-o e começaram a gritar, de uma forma surpreendente o lugar encheu de gente, policiais e bombeiros. Até que ele avistou sua esposa, e seus olhos encheram d’água. Ela dizia que o amava e ele apenas escutava, bombeiros e policias subiram para o térreo para tentarem tranquiliza-lo. Infelizmente não adiantou. Ele flutuou como uma pluma e caiu no chão como a chuva. 

Mands Gama

Amargurado


A lua tocou o mar
A água tocou areia
Acabou de chegar
A lua bela e cheia

Meu amor não voltou
Ainda não amanheceu
A lua triste chorou
Pelo o que não aconteceu

O mar está agitado
Lá se vem uma tempestade
O vento forte e gelado
Chora de saudade

O amor não esquecido
O momento não presenciado
O sentimento não oferecido
A um coração judiado!

Mands Gama