Carlos Pereira do Nascimento
× 16/09/1981
+ 08/05/2012
O seu casamento não ia muito
bem, Carlos tinha convicções de
que tinha que ser o provedor da casa. Ainda mantinha essa ideia antiga, mas por
um lado até cavalheira, de que o homem devia sustentar a casa e a mulher, mesmo
que trabalhe, gaste o seu dinheiro consigo mesma ou com os filhos. A Indústria
Brasileira também não ia lá essas coisas, ele como montador de carros populares
o seu emprego estava em risco. E, com a situação se apertando no trabalho,
Carlos sentia que não ia conseguir manter o mesmo padrão de vida. A cada dia que passava ele
via suas dívidas aumentarem e sua esposa reclamar. E o que ia destruindo seu
casamento aos poucos era a sua esposa percebendo que Carlos estava cada vez
mais distante. Essa preocupação o consumia, a ponto de estar junto da família,
mas pensando em uma saída, alguma maneira de ganhar dinheiro e pagar as dívidas
que já apareciam. Essa guerra fria, essa situação já preocupava demais sua
esposa que olhava em seus olhos e não enxergava mais aquele brilho pela qual
ela se apaixonou um dia e que se acostumou após anos de relacionamento.
Acontecera
o que ele esperava, por um corte de funcionários na empresa, ele foi demitido.
Viu-se sem chão, sem rumo e não sabia como chegar em casa e dar essa notícia a
sua esposa. Decidiu não contar. Sua esposa logo viu que algo não estava bem,
pergunto-o e de uma maneira mais ignorante possível respondeu que não a
interessava. Ela não conseguiu esconder o choro, mas só o olhou e perguntou
para si mesma, o que tinha havido com o homem da sua vida e foi para o quarto.
Carlos sentado no sofá ficou imaginando o que iria fazer da vida, como um
valente homem segurou o choro e resolveu passar o dia seguinte procurando
emprego e faria isso todos os dias até encontrar um, e sua mulher nunca saberia
que esteve desempregado. Passa-se os dias e nada de conseguir um emprego, as
dívidas foram aumentando e aumentando sem ele nem perceber, sua conta do banco
estava zerada, já não tinha mais pra onde correr. Chegou um dia que não tinha
mais dinheiro para pagar as contas básicas e necessárias do mês, e ele não
conseguia contar para sua esposa o que estava ocorrendo.
Decidiu pedir um
emprestimo, para ele era a única situação viável. Colocou em garantia a casa em que morava e
seu carro. Conseguiu disfarçar mais alguns meses, mas chegou um momento que não
dava mais. O banco, por um direito seu, pelo o empréstimo não pago, resolveu
tomar sua casa e seu automóvel. Sua esposa desesperada não sabia o que estava
acontecendo, ligou para Carlos e pediu-o uma explicação e pediu para ele ir
para casa. Ele levantou-se do banco da praça e foi-se. Chegando em casa, teve
que contar tudo para sua esposa. E ela se perguntou o que ele fazia todos os
dias, ele falou que ficava procurando emprego e muitas vezes ele ficava apenas
sentado em um banco da praça olhando os pombos... Ela ficou indignada, disse
que ela estava ali para ajuda-lo, que ela o amava e estaria sempre com ele.
Passaram-se os dias e eles foram morar com a mãe de sua esposa, que mesmo a casa estando em seu nome ele não tinha como sua. Todas as noites
ele se debruçava de tanto chorar e perguntando aonde foi que ele errou. De
tanto escutar de sua sogra que ele não era homem o suficiente para sua filha,
ele pensou em partir. Resolveu deixar sua mulher livre e que ela encontrasse
alguém o suficiente para sustenta-la, pois o amor não sustenta a fome de
ninguém. Resolveu tentar mais uma vez e ir atrás de emprego, e de novo, não
deu. Chegou em casa, olhou para sua esposa e disse que a amava muito e que
queria passar aquela noite inteira com ela. Ela se sentiu feliz e nem percebeu
que ele apenas queria se despedir. Beijou-a pela última vez, abraçou-a da mesma
forma e fez amor como na primeira noite.
Saiu de casa decidido não mais voltar,
olhou para trás e tinha plena certeza que aquela seria a última vez que passaste
por aquela porta. Saiu andando sem rumo, sentou-se numa calçada, respirou
ofegantemente e continuou indo ao seu destino. Chegou a um hotel, subiu para o
térreo, sentou-se na beirada do teto e começou a pensar em sua vida. Pessoas
viram-o e começaram a gritar, de uma forma surpreendente o lugar encheu de
gente, policiais e bombeiros. Até que ele avistou sua esposa, e seus olhos
encheram d’água. Ela dizia que o amava e ele apenas escutava, bombeiros e
policias subiram para o térreo para tentarem tranquiliza-lo. Infelizmente não
adiantou. Ele flutuou como uma pluma e caiu no chão como a chuva.
Mands Gama
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